Nelson Mandela, ex-presidente da República da África do Sul e Prémio Nobel da Paz, morreu, esta quinta-feira, na sua casa em Joanesburgo, após uma prolongada infeção pulmonar. O líder da luta anti-apartheid tinha 95 anos.

 

O atual presidente sul-africano, Jacob Zuma anunciava a sua morte: "Caros cidadãos sul-africanos, o nosso amado Nelson Rohlihla Mandela, o presidente fundador da nossa democrática nação, partiu. Ele faleceu em paz no conforto da sua casa", acrescentou. Numa declaração transmitida pela televisão o atual presidente sul-africano indicou que o primeiro presidente negro da África do Sul terá um funeral de Estado ordenando que as bandeiras sejam colocadas a meia-haste em sinal de luto.

O desejo de Mandela, expresso na autobiografia "Longo Caminho para a Liberdade", era ser enterrado junto dos seus antepassados em Qunu, no Transkei, província do Cabo Oriental, onde nasceu em 1918 e onde foi educado para ser, como o pai, conselheiro do rei thembu, Jongintaba Dalindyebo. Não foi conselheiro ou rei, mas a sua educação, os estudos de advocacia, o carisma e dedicação à luta anti-apartheid fizeram dele um líder e o maior ícone da libertação da África do Sul.

Em 1985, quando o antigo presidente sul-africano Pieter W. Botha se propusera negociar com Nelson Mandela a liberdade condicional, este recusou a oferta com a célebre mensagem: "Não posso vender o meu direito de nascimento. Só homens livres podem negociar (...)". Cinco anos depois e após quase três décadas na prisão, Nelson Mandela ou Madiba, (nome tribal pelo qual era conhecido no seu país e nome de um chefe thembu que reinou no Transkei no século XVIII), tinha já 71 anos quando foi libertado e tornava-se, conforme então se disse, a Grande Esperança Negra da África do Sul. Refira-se que aceitou sair da prisão, apenas quando recebeu garantias de que todos os outros prisioneiros políticos seriam libertados, assim como ele.

Em 1993, partilhava com o presidente sul-africano o Prémio Nobel da Paz, pelos esforços desenvolvidos no sentido de se pôr termo ao regime de segregação racial (apartheid). Nas que foram as primeira eleições multirraciais do país, em maio de 1994, Nelson Mandela tornou-se ele próprio presidente da África do Sul. Terminado o mandato presidencial, em 1999, Mandela decidiu abraçar várias causa sociais e de defesa de direitos humanos.

Cinco anos mais tarde, ao completar 85 anos, o homem que foi cognominado a Esperança Negra da África do Sul anunciou que se retiraria da vida pública, contudo o seu estatuto, o prestígio da sua vida cívica e a dimensão da sua luta pela defesa dos direitos humanos tornaram-no uma das "consciências morais" do mundo.